“Tenho vergonha que o senhor ocupe o cargo de ministro”, diz Camilo Capiberibe
Apesar da blindagem feita pela bancada governista na Câmara dos Deputados, o ministro Ricardo Salles teve dificuldade para explicar o aumento no desmatamento da Amazônia, o corte no orçamento da pasta e os impactos negativos da política ambiental do governo Bolsonaro nas relações com outros países e na economia nacional. Salles foi à Câmara por requerimento do deputado federal Camilo Capiberibe (PSB/AP) e da deputada Joênia Wapichana (Rede/RR).
Camilo disse sentir vergonha pelo fato de Salles ocupar a pasta do Meio Ambiente, “não apenas eu, mas toda a pessoa razoável, já que o senhor preside o aumento do desmatamento e o desmonte das instituições ambientais”.
O deputado amapaense repudiou a afirmação do ministro de que o desmatamento na Amazônia é causado pela população local. “Isso é uma afirmação mentirosa”, afirmou Camilo. “Os investigados pela Operação Handroanthus sequer moram na Amazônia. São de estados do Sul do Brasil”, afirmou, ao mesmo tempo em que questionou o ministro sobre suas ações para desacreditar a Operação da Polícia Federal que resultou na maior apreensão de madeira ilegal – 200 mil metros cúbicos – até hoje na Amazônia. Salles foi duas vezes à região, reuniu-se com representantes dos madeireiros e pressionou a Polícia Federal na tentativa de liberar a madeira ilegal.
Camilo questionou o ministro sobre o pedido do sub-procurador geral do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Lucas Rocha Furtado, para que ele seja afastado cautelarmente da pasta por conta da notícia crime levada pelo Delegado Alexandre Saraiva ao Supremo Tribunal Federal, denunciando a participação de Salles em ato fraudulento para tentar tornar legal ações criminosas de madeireiros, no âmbito da Operação Handroanthus GLO. Se aprovado pelo TCU, o pedido determinará à Casa Civil da Presidência da República afastar temporariamente Salles até uma decisão sobre o mérito da denúncia. A inclusão do pedido na pauta do plenário depende da apreciação da presidente do tribunal, Ana Arraes.
Camilo também questionou se, como em 2019, “o ministro ainda acreditava que o melhor caminho para desenvolver a Amazônia é a destruição das populações originárias do nosso País”. Blindado pela presidente da Comissão e pela base do governo, Salles não respondeu às perguntas de Camilo.
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