Anna Karoline 3: um ano após naufrágio, culpados ainda não foram punidos
No dia 29 de fevereiro de 2020, o navio Anna Karoline 3, entre e o Amapá e o Pará, deixando 42 mortos, 51 sobreviventes e ainda dois desaparecidos. Um ano depois, os culpados pela tragédia não chegaram a ser responsabilizados pela série de erros cruciais que levaram a embarcação ao fundo do rio.
A viagem partiu de Santana, a 17 quilômetros de Macapá, em direção a Santarém, mas a tragédia aconteceu no meio do caminho, entre os rios Amazonas e Jari.
Em outubro de 2020, o Ministério Público Federal(MPF) já havia declarado que solicitou à Polícia Federal (PF) para que realizasse “ diligências que se mostraram necessárias após a análise” do inquérito policial sobre o naufrágio. A primeira investigação, feita pela Polícia Civil e encaminhada a esfera federal à pedido do MPF, foi concluída três meses após o caso, em maio.
A 1ª Delegacia de Polícia de Santana (DPS) indiciou 6 pessoas: o comandante da embarcação, por homicídio doloso, quando se está ciente dos riscos e, mesmo assim, os assume; 2 militares da Marinha, também por homicídio doloso; um despachante do porto, por falsidade ideológica; um tripulante, por falso testemunho; e o dono do barco, por crime contra a ordem econômica. Todos eles aguardam em liberdade o progresso do caso.
Ao informar sobre as diligências, o MPF não detalhou quais seriam elas. Ao G1, a PF afirmou que a nova investigação ainda está em andamento e que, por isso, não poderia dar detalhes acerca das ações. O que se sabe é que, após a conclusão dessas diligências, a investigação vai passar por nova análise do MPF que vai decidir quais medidas judiciais o caso requer. Não há uma previsão de quando uma eventual denúncia deve ser ofertada.
Como possivelmente o naufrágio ocorreu em razão de descumprimento de normas básicas de segurança em águas fluviais, é possível que o fato atinja o serviço de fiscalização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), e também da Capitania dos Portos, da Marinha do Brasil; ambos de jurisdição federal, conforme analisou o MPF.
O que o inquérito da Polícia Civil descobriu?
A investigação da Polícia Civil do Amapá apontou que o navio estava com 70% de sobrecarga. A embarcação deveria carregar, no máximo, 100 toneladas, mas no dia do naufrágio, transportava cerca de 175 toneladas. O delegado Victor Crispim, responsável pelo inquérito na 1ª DPS, falou na época da conclusão do inquérito que o disco de plimsoll, que é uma marcação de segurança pintada no casco, que indica o limite de carga do navio, estava supostamente adulterado.
“Existe uma medida presente em documento oficial da Marinha, que diz que o disco fica a 18 metros e 55 centímetro da proa, mas, de acordo com a medição da perícia, essa marcação estava a 15 metros, 3 metros mais para a frente, exatamente para transportar mais carga”, disse Crispim, em maio de 2020.
A investigação apontou que não somente o excesso de peso influenciaram para o acidente, mas uma série de fatores: a rota feita pela embarcação não era autorizada pela Capitania do Portos; o despachante do porto emitiu documento com informações falsas sobre a carga; militares da Marinha não passaram mais de 5 minutos fiscalizando o navio; a embarcação fez um abastecimento irregular no meio da rota; as condições climáticas não eram favoráveis para tal manobra; quem conduzia o barco no momento do abastecimento era o tripulante indiciado e não o comandante.
A investigação identificou que o comandante alugou o Anna Karoline em 2019 para salvar as finanças, três dias após ter se envolvido em um incêndio numa embarcação no interior do Pará e ter contraído uma dívida milionária. “Tudo leva a crer, que devido a essas dívidas, colocou todas essas mercadoria
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